Laís
Fui pra faculdade como sempre, de salto alto e sorriso ensaiado.
Ninguém desconfia de mim, e é exatamente assim que eu gosto.
Ele também tava lá, andando pelos corredores como se fosse só mais um estudante — mas eu via nos olhos que não tava nem aí pra nada.
Quando alguém falava com ele, respondia no automático, olhando pro nada.
Aquilo me deixava intrigada.
Ele sempre foi meio distraído, mas hoje parecia que a cabeça dele tava em outro planeta.
Eu segui, toda no meu papel de sombra.
Ele saiu da sala e foi até o bloco da arquitetura.
E eu só conseguia pensar:
Mas o que ele foi feder lá, meu Deus?
Não tinha nada a ver com ele — mas lá tava ele, enfiando o nariz onde não devia.
Quando cheguei mais perto, vi que ele encontrou duas meninas.
Uma loira sem sal, que eu sei que dou de dez fácil — e uma morena alta, toda desengonçada, como quem não sabe onde pôr os braços.
E eu fiquei ali, do outro lado do corredor, pensando:
O que ele teria com esse tipo de gente?
Me estiquei toda pra te