Capítulo 15
Beatriz sentiu um rubor subir por seu pescoço. Ela desviou o olhar, focando na sua própria xícara.
— Você sempre fala assim? Com tantas… metáforas?
— A vida nas ruas te ensina a ver o mundo em símbolos. Tudo é um sinal, um aviso, uma lição disfarçada. Você só precisa aprender a ler.
Eles ficaram em silêncio por um momento, um silêncio confortável desta vez.
— Sinto como se eu tivesse acordado de um sono muito longo — ela disse, sua voz um pouco mais forte. — Um sono onde eu era apenas uma sombra de mim mesma. E agora, tudo é muito… intenso. As cores, os medos, a raiva… e outras coisas.
— A vida é intensa, Beatriz. Denis não a diminuiu; ele apenas a dopou com medo. O que você está sentindo agora é o seu eu verdadeiro despertando. É confuso. É assustador. Mas é real.
Ela olhou para ele, e pela primeira vez, viu não um salvador, não um misterioso benfeitor, mas um homem. Um homem tão marcado pelas sombras quanto ela, talvez até mais.
— É estranho — ela murmurou. — Eu