Capítulo 79— O Sangue e o Fardo.
Capítulo — O Sangue e o Fardo
A primeira luz da manhã não entrou pelas janelas — porque ali não havia janelas. A caverna em que se abrigaram após o colapso do templo era antiga, quase sagrada, segundo Riven. As paredes eram úmidas, cobertas por líquens brilhantes que pulsavam com uma luz suave, azulada. Pareciam respirar com o mundo, como se fossem parte dele.
Ana despertou entre os corpos dos dois. O calor deles a envolvia como um cobertor de instinto. Kael estava deitado de lado, uma das mãos em sua barriga, a outra entrelaçada à dela. Riven permanecia sentado, de costas para a entrada da caverna, com a espada encostada ao ombro e os olhos fechados — mas ela sabia que ele estava alerta. Sempre estava.
Sentia o peso da noite anterior em seus músculos. O cio havia passado, deixando para trás uma exaustão doce, profunda. O corpo ainda latejava em alguns pontos, como se carregasse a marca dos dois — uma lembrança gravada na carne e no sangue.
Mas o que mais a inquietava era outra coisa.