O Lobo Ferido

A visão diante de Ana parecia saída de um pesadelo. O salão que outrora ecoava com os passos dos nobres da Corte agora estava coberto por fumaça negra e sangue. As sombras avançavam em círculos, como predadores ao redor da presa.

E Kael…

O temido Alfa.

O governante das Sombras…

Estava caído de joelhos, com as mãos pressionando o peito, onde um punhal envenenado perfurava sua carne.

— Kael! — o grito saiu da garganta de Ana como um trovão.

Os olhos dele encontraram os dela. Estavam vidrados, dilatados. A conexão entre eles vibrou em sua pele, como se o vínculo tentasse puxar a dor dele para dentro dela.

Ana correu.

Ignorou as sombras. Ignorou o medo.

Ela sentia onde devia ir — como se o vínculo os guiasse um ao outro mesmo no caos.

Mas uma das criaturas se interpôs em seu caminho — alta, magra, com olhos vermelhos como brasas e dentes longos. Uma fada sombria, deformada por magia corrompida.

— A Marca não vai te salvar, humana — ela sibilou. — Você é só carne… e nós queremos seu sangue.

Ana recuou um passo, mas então algo em seu peito queimou.

A marca.

Ela brilhou em dourado.

E a criatura hesitou.

Ana levantou o braço, instintivamente. A luz que saía da marca não era calorosa. Era intensa. Selvagem.

Antiga.

A fada gritou, recuando quando a luz a tocou. Sua pele começou a queimar.

Ana passou correndo por ela.

Kael caiu para o lado, o corpo grande arquejando, sangue escorrendo da boca. O punhal ainda cravado em seu peito.

— Não... não se aproxime... — ele gemeu. — O veneno... não tem cura.

— Tem agora — ela respondeu, ajoelhando-se ao lado dele.

Com mãos trêmulas, Ana puxou a adaga. O sangue escuro jorrou, mas ela pressionou a mão sobre o ferimento, deixando que seu próprio sangue escorresse sobre a pele dele.

O calor tomou conta dela novamente. Mas desta vez… era diferente.

Não era só cura.

Era reconstrução.

Sentiu o corpo dele responder. Os músculos se retesaram. As veias pulsaram com um brilho prateado. O veneno começou a recuar.

Mas Ana…

Ela estava enfraquecendo.

O preço estava sendo cobrado. Ela não sabia quanto tempo aguentaria.

Então, algo aconteceu.

Kael a puxou para si.

O corpo dele se moveu por instinto, protegendo-a com o próprio torso. Os olhos antes baços agora brilhavam em âmbar feroz. O lobo estava de volta.

— Ninguém toca nela! — ele rugiu, e a transformação foi imediata.

O corpo de Kael se contorceu, os ossos estalando, os músculos se expandindo. Ele se ergueu como uma tempestade viva — um lobo imenso, de pelo negro e olhos dourados, com a marca de Ana ainda brilhando no peito.

As criaturas hesitaram…

Mas foi tarde demais.

O rugido que ele soltou rasgou o ar.

Foi um massacre.

Garras dilaceraram carne. Presas se cravaram em pescoços. As sombras gritaram, tentando fugir. Mas não havia fuga para quem tocara o que era dele.

Quando o silêncio finalmente caiu, Kael voltou à forma humana. Nu, coberto de sangue, respirando com dificuldade.

Ana estava caída ao chão, pálida, exausta. Mas viva.

Kael caiu de joelhos ao lado dela.

— Você… me salvou.

Ela sorriu fraco.

— Não poderia… te perder.

Os olhos dele se suavizaram. Pela primeira vez, o monstro parecia… humano.

Ele a puxou para si, abraçando-a como se temesse que o mundo a arrancasse de seus braços de novo.

— Você é mais do que um milagre, Ana.

— Você é um erro… impossível.

— Um erro que eu nunca vou permitir que tirem de mim.

Ela não respondeu.

Estava inconsciente.

Mas em sua pele, a marca pulsava com vida nova.

E nos corredores mais sombrios da fortaleza, alguém observava a cena de longe… sorrindo.

> — Finalmente a encontramos.

A mulher de sangue curativo.

A última humana.

A chave para a libertação.

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