A tarde passou arrastada na mansão Monteiro. Depois que Pietro foi embora, o ambiente parecia carregado de estática, como se qualquer palavra pudesse criar faísca. Ashiley percorreu o corredor indo e voltando sem perceber. Tentou ler. Não conseguiu. Tentou se distrair. Não deu.
Gustavo apareceu às seis. Não bateu na porta — apenas ficou ali, apoiado no batente, braços cruzados.
— Podemos conversar? — perguntou.
Ela quase disse “não”. Mas era inútil fugir.
— Entra.
Ele fechou a porta atrás de si e ficou parado no meio do quarto, analisando-a como quem tenta entender o impacto de um terremoto depois que tudo já balançou.
— Sobre hoje… — começou ele.
— Eu não quero falar sobre o Pietro — ela cortou, rápida.
— Eu também não — respondeu Gustavo. — Quero falar sobre você.
Ashiley cruzou os braços.
— Eu estou bem.
Ele riu sem humor.
— Você não está. E eu não vou fingir que não vi.
Ela respirou fundo.
— Gustavo… eu não quero transformar isso num drama.
— Então não transforme — ele rebateu. —