As semanas seguintes à inauguração da segunda Casa Raízes não foram marcadas por grandes acontecimentos, mas por pequenos gestos, quase imperceptíveis, que no conjunto construíam algo sólido. O tempo parecia escorrer mais devagar, como se a própria vida pedisse calma para que cada detalhe fosse absorvido.
No início, as manhãs eram de silêncio cauteloso. As mulheres recém-chegadas ainda caminhavam como sombras pelos corredores, evitando olhares, acostumadas a se encolher para não ocupar espaço. Mas pouco a pouco o som foi surgindo: primeiro o tilintar de panelas no refeitório, depois risos contidos durante a lavagem de roupas, até que, numa tarde qualquer, uma música começou a ecoar de um rádio velho trazido por uma voluntária. As adolescentes dançaram tímidas no começo, depois sem medo, e as paredes, antes frias, receberam o calor de vozes que já não sabiam se calar.
Clara visitava a segunda Casa apenas em alguns dias, poupando-se por causa da saúde, mas observava tudo com olhar atent