A vitória diante da vistoria encheu a Casa Raízes de uma alegria quase infantil. Durante dias, as adolescentes riram mais alto, as mulheres partilharam histórias em voz firme, como se quisessem compensar o silêncio imposto por tanto tempo. Mas por trás da celebração, Clara percebia algo inquietante: o cansaço escondido nos rostos de quem sustentava aquela vitória.
Júlia, principalmente, mostrava-se exausta. Corria de reunião em reunião, respondia telefonemas intermináveis, passava noites em claro organizando relatórios e projetos. O entusiasmo que a movia parecia intacto, mas os olhos denunciavam sombras. Certa manhã, Clara a encontrou sozinha no salão, papéis espalhados pela mesa, a cabeça apoiada nas mãos.
— Você não precisa carregar tudo assim — disse Clara, aproximando-se.
Júlia ergueu os olhos, cansados, mas ainda vibrantes. — Se eu parar, quem vai segurar?
Clara tocou-lhe o ombro. — Eu já fiz essa pergunta para mim mesma muitas vezes. E aprendi que, quando tentamos carregar tudo