O auditório da Casa Raízes estava arrumado com cadeiras em círculo, cartazes coloridos pregados nas paredes e uma mesa com sucos e bolos caseiros. Era o primeiro encontro oficial do programa voltado para adolescentes — um espaço para diálogos, prevenção e descobertas. Júlia, nervosa e animada ao mesmo tempo, caminhava de um lado para o outro, ajeitando detalhes que ninguém mais parecia notar.
Clara observava de longe, sentada numa das cadeiras. Sentia orgulho e uma pontada de ansiedade. Lembrava-se de como era difícil lidar com juventudes que ainda não sabiam nomear suas dores, mas já carregavam o peso delas.
As meninas começaram a chegar. Algumas vieram com as mães, outras trazidas por vizinhas. Eram cerca de dez, todas entre 13 e 17 anos. Algumas riam alto, outras se encolhiam, desconfiadas. Júlia deu início à roda com um sorriso acolhedor.
— Antes de qualquer coisa, quero que vocês saibam que aqui ninguém precisa fingir. Vocês podem falar ou ficar em silêncio, como se sentirem segu