Helena Assunção
Eu saí do escritório de Felipe naquela noite com as pernas tremendo. As portas de vidro se fecharam atrás de mim, e a cada passo no corredor vazio eu sentia como se tivesse deixado um pedaço de mim para trás.
Ele me beijou de novo.
Não com hesitação, não com dúvida.
Ele me beijou como quem toma posse.
E eu… eu me entreguei.
Por mais que minha mente gritasse, meu corpo implorava. Cada fibra, cada nervo, cada batida do meu coração dizia que eu pertencia àquele beijo. E foi isso que me destruiu.
Quando cheguei em casa, o silêncio do apartamento parecia me esmagar. Joguei a bolsa no sofá e fui direto para o espelho. Meus lábios estavam inchados, vermelhos. Toquei-os com a ponta dos dedos e fechei os olhos. A lembrança dele estava lá — quente, densa, avassaladora.
Passei a noite em claro. Cada vez que fechava os olhos, eu revivia a cena: o olhar dele cravado no meu, o comando em sua voz, o calor do corpo dele contra o meu. Eu ainda podia sentir os dedos firme