Helena Assunção
O nome saiu sem ar, como se algo dentro de mim tivesse sido rasgado.
— Lucas.
Dizer aquilo fez o mundo encolher. Logo depois, ouvi o silêncio de Felipe — pesado, de quem já decidiu. Não houve choque, nem compaixão. Só a frieza que eu conheço demais: olho duro, respiração contida, vontade de quebrar qualquer coisa que se mova entre ele e o que quer.
— Onde ele está? — foi só o que ele disse.
A pergunta veio seca, direto ao ponto. Não teve toque, não teve cuidado. Só precisão. Isso me apavorou mais do que qualquer grito. Porque Felipe não é homem de conversa antes da ação. Ele pensa e ataca. E, para ele, um inimigo é um problema a ser eliminado — pouco importa se tem meu sangue.
Passei a noite em claro. Ouvi cada passo dele pela cobertura como se cada som fosse um martelo no meu peito. Pensei em ir embora, em escapar daquilo e correr para o único lugar que me parece seguro. Mas meu corpo não obedeceu. Fiquei. Presa por medo, por culpa, por um fio tênue que me liga a ele