Narrado por Sérgio
O pânico, agudo e familiar, me espetou. Eu tinha sido brutal? Tão intenso a ponto de assustá-la? Em meu fervor, eu tinha machucado ela? Machucado nossa bebê? A culpa, minha antiga companheira, se instalou no meu peito.
— Hellen? — minha voz saiu tensa, áspera. Eu me apoiei no cotovelo, tentando enxergar seu rosto na penumbra. — Meu amor, o que foi? Fui muito rude? Machuquei você… a… — Minha voz falhou, incapaz de terminar a pergunta.
Ela balançou a cabeça vigorosamente contra o travesseiro, as lágrimas escorrendo pelos têmporas.
— Não, Sérgio, não — ela sussurrou, a voz embargada. — Você foi perfeito.
— Então por que as lágrimas? — perguntei, confuso e ainda assustado, passando o polegar para enxugá-las. — Você se arrepende? De ter feito amor comigo?
Ela virou o rosto para mim, e mesmo no escuro, pude ver que seu sorriso, embora trêmulo, era verdadeiro. Era um sorriso que vinha da alma.
— Não, meu amor. Nunca. — Ela colocou a mão sobre a minha, que repousava em seu