Antes mesmo da minha formatura, meu nome já estampava vitrines de livrarias. E, com o tempo, invadiu as listas dos mais vendidos do país.
A vida que ele esmagou com desprezo foi a mesma que se ergueu, palavra por palavra, das cinzas que ele deixou para trás.
Benjamin virou um fantasma nos anos seguintes. Um vulto burocrático, que enviava relatórios e depósitos como quem cumpre uma pena. Nunca respondi. Nunca mais ouvi sua voz. E talvez isso tenha doído mais do que qualquer grito.
Mas mesmo com minha carreira florescendo, ainda haviam noites em que eu pensava nele. Aquelas malditas noites... Não por saudade. Mas por raiva. Raiva de mim mesma, por ter amado tão fundo alguém tão raso. Por ter me deixado enganar, por ter me entregado inteira a quem nunca sequer soube me segurar.
Nossos pais aprenderam a não mencionar seu nome. Como se assim pudessem me proteger da dor. Mas a dor tem raízes profundas. E há feridas que não cicatrizam. Elas apenas aprendem a doer em silêncio.
Mas, e é isso q