O sol mal rasgava a névoa espessa que envolvia a Avenida Paulista quando Amanda atravessou o amplo corredor de vidro da cobertura da Construtora Mancini. O som ritmado de seus saltos de couro ecoava como um gongo anunciando batalha. Seu blazer azul-marinho, perfeitamente alinhado sobre a blusa de seda branca, moldava seus ombros com rigidez militar. O coque alto e apertado parecia esculpido a cinzel — não havia fio solto, assim como não havia hesitação em seu semblante.
Na sala de reuniões, as paredes de vidro deixavam entrar uma luz pálida, quase cinzenta, que tornava o espaço ainda mais frio. Do outro lado da mesa retangular, Cláudia já a esperava. O vestido vermelho-sangue colava-se ao corpo dela com perfeição, como uma segunda pele — não era sensualidade, era armadura. Tentava transparecer controle, mas seus dedos traíam a farsa: tamborilavam inquietos no braço da cadeira, como se quisessem fugir dali.
Amanda entrou sem dizer uma palavra. Seus olhos pousaram diretamente nos de Clá