Amanda encarava a cidade através da imensa parede de vidro do escritório presidencial da Construtora Mancini, como se a cada arranha-céu, a cada rua emaranhada de carros lá embaixo, ela reafirmasse silenciosamente: eu cheguei aqui. São Paulo pulsava em sua eterna inquietação, mas ali, naquele novo trono de concreto e vidro, o silêncio parecia gritar verdades que palavras não davam conta.
O topo.
Ela estava ali.
No coração de um império corporativo, sobre o legado construído por homens que jamais imaginaram ceder aquele posto a uma mulher como ela: jovem, forasteira no mundo da construção civil, e — para muitos — apenas "a esposa do Mancini".
Mas Amanda estava longe de ser apenas.
Respirou fundo, as mãos pousadas com elegância sobre o parapeito da janela. Tinha os ombros retos, o olhar firme, os pensamentos afiados. Lembrou-se das palavras de Lucca antes de deixá-la naquela sala pela primeira vez:
"Mostre a eles quem você é. Não por mim, mas por você."
Ela mostraria.
Não por vaidade. N