Daniel viu pela fresta da porta entreaberta.
O mundo, por um instante, parou de girar.
O cheiro de café fresco vindo da cozinha já não importava. O murmúrio distante dos pássaros lá fora virou ruído. O que o segurou ali, petrificado, foi a cena diante de seus olhos: Amanda e Lucca, envoltos em uma paz que ele nunca soube oferecer.
Ela de costas, os cabelos soltos dançando com a brisa, como se carregassem a liberdade que ele nunca conseguiu dar a ela. Lucca, colado atrás, abraçando-a com a intensidade de quem entende o que tem nas mãos — e teme perdê-lo.
Daniel sentiu o estômago revirar.
Era mais do que ciúme. Mais do que o corte cego do arrependimento. Era uma dor funda, primitiva, que começava no peito e se espalhava como veneno quente pelas veias. Era a súbita, cruel certeza de que ele havia deixado escapar não apenas uma mulher — mas a mulher. Amanda não era só uma lembrança bonita de um amor inacabado. Ela era a vida que ele não teve coragem de viver.
E agora ela estava ali. Com L