Amanda fechou a porta devagar.
O clique da tranca reverberou pela casa como um suspiro pesado, um ponto final que arrastava reticências.
Mas dentro dela, nada parecia terminado.
O anel pesava nas mãos, metálico e frio, um objeto pequeno demais para conter tanto significado. Um símbolo congelado no tempo — promessa desfeita, um amor que não vingou, um sonho que se desfez antes de florescer.
Ela caminhou até a sala, cada passo ecoando a lentidão do que precisava ser sentido. Sentou-se no sofá com o corpo rígido, quase sem fôlego, os dedos girando o anel num movimento hipnótico, quase ritualístico.
O olhar fixou-se naquele círculo, que era como um retrato antigo, desgastado e cheio de lembranças que já não cabiam na pele da mulher que ela havia se tornado.
Naquela noite, não houve tempestade. Não houve gritos, não houve lágrimas escancaradas.
A dor era outra — silenciosa, densa, lenta como um rio subterrâneo que escava a alma.
Ela chorou, sim.
Mas não por Daniel.
Chorou por tud