Parte 12...
Rafael
Eu nunca tinha levado ninguém ali.
A porta se abriu com um estalo seco, seguido pelo som abafado do silêncio que morava naquele lugar há tempo demais.
As janelas estavam fechadas, o ar parado, como se o apartamento estivesse esperando por esse momento. O dia em que eu teria coragem de abrir de novo minha vida. O dia em que Camila entraria na minha casa.
Ou melhor: o dia em que eu a traria nos braços, enfaixada, com a perna imobilizada, o braço ainda com o roxo do acidente, mas com os olhos vivos, curiosos e com um sorriso debochado.
— Rafael, acho que você quebrou uma regra médica. Carregar a paciente no colo? Não era melhor chamar um enfermeiro?
— Não sou qualquer médico. Sou seu namorado. Lembra?
Ela riu fraco e se acomodou no sofá com cuidado, observando o ambiente. Os móveis eram simples, modernos, de um bom gosto neutro. Tudo impecavelmente limpo, mas com um vazio evidente. Como se ninguém realmente vivesse ali. Eu passava a maior parte do tempo fora.
Ela perc