Parte 11...
Rafael
O monitor ao lado dela apitava num ritmo constante, quase sereno. Eu já tinha decorado aquele som. Era o único som que me trazia alguma paz, porque significava que ela ainda estava aqui.
Camila estava em coma havia três dias. Três dias em que eu praticamente não saí do hospital.
Tentei manter a compostura, fingir que estava tudo sob controle, mas todos os meus colegas já sabiam. Lívia soube antes mesmo de eu abrir a boca. E quando a enfermeira comentou com ela sobre o meu passado, ela só assentiu e disse com a voz baixa, mas firme: “Agora faz sentido.”
Fazia.
O que não fazia sentido era como o coração da gente pode resistir a ser quebrado duas vezes pelo mesmo tipo de dor. Eu não podia perdê-la.
E mesmo sem saber o que éramos com exatidão, eu sabia que queria tudo com Camila.
A confusão, os sorrisos, a boca atrevida e o olhar doce que ela tentava esconder. Ela era o oposto de tudo que eu tentei manter em minha vida. E ainda assim, era exatamente o que eu precisava.