Capítulo 9
Henrique
A manhã passou sem cor. Meus passos vagavam pelo campus sem direção, uma inquietação estranha crescendo no peito. Não havia aula marcada para ela naquele horário, mas alguma coisa, talvez tola, talvez urgente, me impulsionou a procurá-la.
Era uma necessidade discreta, silenciosa, mas insistente. Como um livro inacabado, como uma melodia que para no meio.
A biblioteca foi meu primeiro palpite. E lá estava ela. Encostada à janela lateral, com os cabelos presos de qualquer jeito, uma mecha escapando e roçando sua bochecha. Estava concentrada, os olhos varrendo as linhas de um livro de capa azul-marinho.
Observei-a por um instante antes de me anunciar. Parte de mim achava que eu devia ir embora. Que não era lugar de professor algum procurar uma aluna fora do ambiente de aula. Mas a outra parte, a que Mariana havia despertado sem querer, me manteve ali.
— Filosofia moderna? — perguntei, minha voz mais baixa do que o usual.
Ela ergueu os olhos, surpresa. Um leve sorris