Capítulo 24
Mariana
O céu já começava a escurecer quando me despedi de Chiara na porta do café. Caminhei até o ponto de ônibus com os fones de ouvido colocados, mas sem música. Só queria abafar o mundo, reduzir o volume das conversas, buzinas, passos apressados. Tudo parecia ruidoso demais para o que eu carregava por dentro.
Durante o trajeto de volta para casa, fiquei olhando pela janela como se buscasse respostas nas luzes da cidade. Pessoas indo e vindo, sem saber que, ali dentro daquele ônibus, havia uma garota tentando entender como sustentar um amor que ainda nem sabia se poderia existir. Amor. Era cedo demais pra essa palavra? Ou tarde demais pra fingir que não era?
Ao chegar no apartamento, a primeira coisa que fiz foi tirar os sapatos e acender apenas a luz da sala. A penumbra me fazia companhia de um jeito que eu gostava. Liguei a televisão, mais pelo som do que pelo conteúdo. Um programa qualquer estava passando, algo sobre culinária, receitas rápidas para um jantar de últi