Suspirei. Fui até a cozinha, tentando parecer ocupada em algo. Peguei duas xícaras. Café. Sempre começávamos conversas difíceis com café. Era uma tradição nossa desde os tempos de faculdade, antes de tudo se desmoronar entre a gente.
— Eu não vim pra tomar café, Mari — ela disse atrás de mim, a voz mais baixa agora.
— Então fala logo o que veio dizer — retruquei, mais cansada do que irritada.
— Eu estive observando. Mesmo de longe. Chiara me mandou mensagens. Ela está preocupada com você. E Henrique… ele também.
O nome dele saiu da boca dela como uma fisgada. Me virei, encostando na pia.
— Eu não quero falar dele.
— E desde quando você querer ou não querer falar impediu a vida de acontecer, Mariana?
A raiva silenciosa dela me atingia como uma maré crescente. Eu sabia que estava prestes a me afogar. Mas, parte de mim… queria isso. Queria o confronto. O estalo. O empurrão que talvez me fizesse sair do lugar.
— Você veio aqui me julgar? — perguntei, olhando diretamente para ela.
Luna cru