Capítulo 82
Dante
O ar da manhã parecia mais fresco do que eu lembrava. Ou talvez fosse eu, diferente. Desacostumado a sentir o mundo de verdade, depois de tanto tempo entre a vida e o quase. A cadeira de rodas avançava devagar pela rampa do hospital, empurrada por um dos enfermeiros. Ao meu lado, Luna caminhava em silêncio. Mãos firmes no encosto, coração palpitando como se ela estivesse empurrando não só meu corpo, mas todo o peso do que atravessamos até ali.
Ela sorriu quando nossos olhos se encontraram. E eu soube que não importava o tempo que levaria, ela estaria ali. Até eu ficar de pé de novo. Até voltarmos a ser algo mais do que sobreviventes.
— Está pronto para voltar pra casa? — ela perguntou.
Assenti. E mesmo com o corpo ainda frágil, a mente cansada e os músculos endurecidos pelo coma, aquela palavra — casa — teve um sabor doce e cheio de possibilidades.
***
A mansão estava diferente.
Mais leve, talvez. Ou só mais viva.
As flores do jardim estavam bem cuidadas. Os portões