Capítulo 81
Dante
A luz me incomodava. Mesmo com os olhos fechados, eu sentia. Algo quente, filtrado, pulsando atrás das minhas pálpebras como se o sol estivesse apenas esperando que eu abrisse os olhos. A consciência voltava em ondas, cada uma trazendo um pouco mais de dor e de memória.
Fragmentos.
Tiros. O nome dela. O gosto de sangue na boca. E, depois, o silêncio.
Minha cabeça parecia pesada demais para o corpo. Minha garganta seca, como se eu tivesse passado dias no deserto. Mas havia outra coisa. Um cheiro. Algo familiar. Doce. Calmo. Vida.
Luna.
Não era só uma lembrança. Era presença.
Senti sua mão segurando a minha. Era firme, mas suave. A pele dela sempre teve esse contraste — quente, viva, determinada. Havia algo de reconfortante nesse toque, como se meu corpo finalmente tivesse reencontrado o eixo.
Tentei mexer os dedos. Uma reação mínima, mas ela notou. Sempre nota.
— Dante?
A voz dela quebrou o silêncio com delicadeza, quase como uma súplica. E, ao mesmo tempo, uma afirma