Capítulo 21
Luna
A madrugada arrastava seus minutos como se o tempo tivesse perdido a pressa. Eu não conseguia dormir. Nem queria. A imagem de Júlia, ainda que eu nunca a tivesse conhecido direito, queimava sob as pálpebras. Era como se cada pedaço daquela tragédia tivesse se entranhado em mim como um lembrete cruel de que qualquer um podia ser o próximo.
Andei pelo corredor escuro da casa. Todos dormiam, ou fingiam dormir. Chiara me disse antes de se recolher que a dor às vezes descansava melhor no silêncio. Eu só não sabia mais descansar.
Passei em frente à porta do escritório de Dante.
Trancada.
Era claro. A mente dele era um cofre. E o mundo ao redor, uma ameaça.
Mas naquela noite, algo me puxava. Uma inquietação. Um sentimento estranho de que eu precisava ver além da máscara.
Voltei até a cozinha. Peguei uma das cópias da chave mestra, que Chiara guardava para emergências. E aquela era uma.
Emergência do coração.
O clique da fechadura foi quase inaudível. Entrei devagar. Nenhuma