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Capítulo 6 — À Beira da Piscina, à Beira de Nós

Caius Varella

Selene se veste como pecado e vive como provocação. Nessas duas semanas, vi ela sair com três caras diferentes. Um ator, um ex, e — eu juro — Pietro. Sim. O mesmo. O maldito.

Ela voltou com a boca marcada. E um vestido rasgado. Mas não pedi explicação. Não tenho esse direito. Ainda. Mas isso não me impede de querer quebrar a cara dele. Mesmo assim… eu fiquei. Assinei contratos.

Testei vinhos para o buffet. Assisti provas de vestido de longe, como quem observa um furacão escolhendo onde cair.

E em uma das noites, ouvi ela chorar no banheiro.

Sozinha.

Baixinho.

Com água ligada, achando que ninguém notaria. Mas eu notei. Não porque me importo. Mas porque... já é impossível não me importar. Ela pode sair, se despir, provocar, tentar me enlouquecer. Mas ela vai casar comigo. E quando isso acontecer… O jogo muda.

Não que eu queira ver ela submissa. Isso nunca vai acontecer, e honestamente? Nem é isso que eu quero. Eu quero ver ela sentir. Quero ver o olhar dela tremer. Quero ser o motivo do descontrole dessa mulher que passa por cima de tudo e todos sem piscar. E se pra isso eu tiver que esperar... Eu espero. Mas cada dia ao lado dela é um teste.

Ela sai do quarto, descalça, como um sonho que insiste em se materializar só para me atormentar. A camisola de seda escorrega sobre a pele dela como um segundo ar, tão fina que eu quase consigo ver o contorno dos seios sob o tecido, quase posso traçar com os olhos a curva do quadril que já imaginei tantas vezes entre minhas mãos. Quase. Mas não toco.

Os cabelos ruivos dela estão bagunçados, fios dourados pela luz da manhã se espalhando sobre os ombros como fogo derramado. E essa cor, Deus, essa cor, não é apenas ruivo. É âmbar, é cobre, é o tom de um whisky caro sob o sol da tarde. E os olhos... Verdes. Não um verde qualquer, mas aquele tipo de verde que parece ter sido roubado do mar em dia de tempestade. Claros demais para serem inocentes, escuros demais para serem frios.

A boca dela está inchada. De sono? De pecado? Quem sabe? Os lábios cor de vinho parecem feitos para ser mordiscados, e eu já perdi a conta de quantas vezes imaginei como seria arrancar um gemido dessa boca que só sabe me provocar.

Ela não me olha, mas sabe que estou ali. Sabe que eu a vejo. Sabe que cada passo descalço no mármore frio é uma tortura calculada. O corpo dela, Cristo, não foi feito para roupas. Foi feito para ser adorado. Para ser lembrado em detalhes: a cintura fina que convida as mãos a se apertarem nela, as coxas suaves que eu já vi à mostra sob vestidos curtos demais, aquele pescoço longo, digno de mordidas e beijos que ela nunca me permitiu dar.

E o pior? Ela sabe que é linda. Sabe que cada olhar que j**a por cima do ombro, cada movimento preguiçoso de alongar os braços como um gato, cada suspiro que faz a seda colar no corpo, tudo, é uma arma.

Mas o que ela não sabe é que eu já decidi: um dia, essa boca que sorri para todos menos para mim vai gemer meu nome. E esses olhos verdes, que desafiam o mundo inteiro, vão fechar quando as minhas mãos finalmente a fizerem sentir em vez de apenas existir. Até lá? Eu espero. E observo.

Selene é uma dança constante entre o "me toca" e o "se afasta". E eu estou cansado de dançar sem saber a música.

Ontem, jurei que ia ignorá-la. Mas então ela riu. Baixinho. Pro celular. Mensagem de outro cara. Pietro?

Provável. E naquele segundo, tudo dentro de mim quis explodir.

Mas em vez disso, fui pra academia. Soquei o saco de pancadas até perder o fôlego. Até o som dos meus punhos cobrindo o eco da risada dela. Quando voltei, ela estava dormindo no sofá da sala de TV. Pés descalços no estofado branco. Um vinho pela metade sobre a mesa. E aquele vestido curto demais pra qualquer coisa que não fosse provocação. Cobri ela com uma manta. Não porque ela merecia, mas porque eu precisava fazer algo que não envolvesse gritar.

Agora estamos a dois dias do casamento. E o que eu sinto é uma mistura de ansiedade, raiva e uma vontade desesperada de... domar. Selene acha que vai continuar vivendo como se fosse solteira.

Que vai continuar dançando na beira do abismo, sem cair. Mas ela esquece que, ao casar comigo, eu também entro nesse tabuleiro. E diferente dela... eu sei perder pra ganhar.

Ela quer guerra? Vai ter. Mas vai ser nos meus termos. E quando ela perceber... Vai ser tarde demais pra fugir.

A água me acalma. Ou deveria.

Mergulhei no silêncio da noite, na piscina vazia do casarão, tentando afogar a raiva, a tensão, a fome que ela acende em mim sem nem tentar. Dois dias pro casamento e eu tô nesse estado — queimando por dentro enquanto ela desfila como se nada importasse.

Meus braços cortam a água numa sequência mecânica, o corpo tentando exorcizar a mulher que não sai da minha cabeça. Mas ela sempre volta. Sempre.

— Tá fugindo de mim, Varella?

A voz dela ecoa na borda da piscina, como se me invadisse por todos os lados.

Viro e encaro. Selene.

De biquíni preto. Fio-dental. Fita fina amarrada na lateral. Molhada, como se tivesse saído do mar pra me tentar. Cabelos presos num coque bagunçado, gotas escorrendo pelo colo.

— Vim nadar — ela diz, como se não soubesse o caos que causa. — Tá quente, né?

Quente é o inferno que você faz nascer em mim, mulher.

— Piscina é grande. Pode entrar — retruco, tentando parecer indiferente.

Mas meus olhos já a seguem enquanto ela desce os degraus devagar, como se estivesse em câmera lenta. A água beija a pele dela e eu sinto inveja da porra da piscina.

— Você anda tenso — ela diz, nadando até mim. — Está com raiva de mim, Caius?

— Não.

— Mentiroso. — Ela sorri, morde o lábio. — Você fica todo durinho quando tô por perto.

— O mundo inteiro ficaria. Você anda vestida pra matar.

— E você anda me olhando como quem quer morrer.

Ela chega mais perto. Encosta. Os corpos colados sob a água morna. Meu sangue ferve. A boca dela a centímetros da minha. O perfume — doce, selvagem, indecente — invade meus pulmões.

— Não vou fugir se quiser me tocar, Varella. — a voz sai baixa, quente, um sussurro entre o pecado e a promessa.

— O problema, Selene... — rosnou minha voz, rouca de desejo. — É que eu não quero só te tocar.

Nossos lábios se encontram. E o mundo derrete. Nossos lábios se colam como se já estivessem combinados, e eu não sei mais onde termino e onde ela começa. A boca dela é quente, doce e salgada, um gosto de mar e pecado. A boca dela é vício, e eu já tô em overdose. Meus dedos se enterram na cintura dela, puxando-a contra mim, e ela responde com um gemido baixo, rouco, que vibra direto na minha boca.

As mãos dela sobem pelo meu peito, os dedos arranham meus ombros como garras, como se quisesse marcar território. Eu sinto cada unha, cada pressão, e meu corpo responde com um tremor involuntário. Ela mexe a língua contra a minha, devagar, provocante, e eu aperto os quadris dela, puxando-a mais para perto. A água nos envolve, mas o calor entre a gente é mais sufocante que qualquer mergulho.

A gente se amassa ali, sem direção. Corpo contra corpo, respiração ofegante, pele molhada escorregando em contato. Minha mão desce pelas costas dela, explorando a curva do biquíni fio-dental, e ela arquea contra mim, um suspiro escapando entre os lábios.

— Caius... — ela murmura, e o jeito que ela diz meu nome parece uma maldição e uma oração ao mesmo tempo.

Eu respondo mordiscando seu lábio inferior, puxando com os dentes, e ela geme mais alto, os dedos se enrolando no meu cabelo. Os seios dela esfregam no meu peito, e eu sinto os biquínis pretos, finos demais, úmidos demais, como uma segunda pele que eu quero rasgar.

— Você está me deixando louca — ela respira, a voz embaçada de desejo.

E eu quero. Quero deixá-la insana, despedaçada, implorando. Quero que ela perca o fôlego, o controle, o orgulho. Mas não agora. Não assim. Então me afasto.

— Por quê...? — ela pergunta, arfando, os olhos acesos como brasas… olhos arregalados, ofegando como se o ar tivesse sido arrancado junto com meu toque.

Meus dedos ainda estão cravados nos quadris dela, mas minha mente grita pra soltar. Não por falta de vontade, mas por excesso. De desejo. De raiva. De tudo que ela me faz sentir e que eu ainda não sei nomear sem parecer fraqueza.

— Porque se eu continuar… — digo, minha voz rasgada, crua. — Eu não vou parar. E você ainda não é minha, Selene. Não de verdade.

Ela pisca. Um. Dois segundos. Depois afasta o rosto, mordendo o lábio, como se o gosto da recusa fosse ácido demais pra engolir. E, mesmo assim, sorri.

— Covarde — ela sussurra, provocante. Mas tem algo ali… nos olhos. Um brilho diferente. Um tremor.

Viro de costas. Saio da piscina. Água escorrendo pelo meu corpo como se levasse embora um pedaço da sanidade que me resta. Mas o que ela não vê, o que ela nunca vê, é que por trás do meu controle mora um caos prestes a explodir.

E esse caos tem nome.

Tem olhos verdes.

E me faz querer incendiar o mundo só pra ver se ela sente.

— Espera só mais dois dias. Dois, dias — aviso, a voz baixa, mas carregada de promessa. — E aí, quero ver se você ainda vai sorrir assim quando for a minha esposa.

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