Capítulo 32 – Quando a sua existência incomoda... Seja inesquecível.
Caius Varella
O silêncio no camarim de imprensa só não era maior que o peso que enchia o ar.
Selene tava na frente do espelho.
Cabelo preso num coque elegante. Batom vermelho. Olhar que podia partir concreto.
Ela segurava a própria imagem com a força de quem segura um prédio prestes a cair.
E, olhando pra ela, eu percebi:
Ela não estava se arrumando.
Ela tava vestindo a própria armadura.
Me aproximei. Cruzei os braços, encostei na bancada.
— Está pronta? — perguntei, a voz baixa, firme.
Ela respirou fundo. Ajeitou o blazer, passou a mão no cabelo como quem ajeita uma coroa invisível.
— Nunca estive tão pronta. — respondeu, encarando o próprio reflexo. — Eles acham que vão me ver quebrar. Que vão me ver implorar. Pedir desculpas.
Virou, olhou pra mim.
O olhar... meu Deus.
Era fogo puro. Era morte e vida no mesmo frame.
— Mas eles esqueceram quem eu sou. — cruzou os braços. — Eu sou Selene Castiel. A mulher que eles só respeitam... porque têm medo.
Me aproximei. Segurei o rost