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Capítulo 2 – Sabor de veneno antigo

POV Selene Castiel

O barulho da porta se abrindo cortou o silêncio do quarto.

Pietro entrou com a autoconfiança de sempre. Paletó escuro, sorriso sujo, uma garrafa de whisky numa mão, e o ego inflado na outra.

— Você parece pior do que costuma parecer — disse, enquanto largava a garrafa na mesinha e tirava o casaco. — E olha que o padrão já é alto.

— Cala a boca, Pietro. — revirei os olhos. — Só me distrai.

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Do jeito que você gosta?

— Do jeito que me faça esquecer.

Os lábios dele vieram até os meus. Rápidos. Urgentes. Como sempre foi. Como sempre foi fácil. Minha pele já conhecia aquele caminho. E meu corpo, por instinto, reagiu.

Mas minha mente…

Minha mente fez uma curva proibida.

“Você costuma ocupar cadeiras ou corações?”

“E isso te deixa feliz?”

Maldição. A voz dele. Caius.

Aquele maldito estranho com olhos sinceros demais pra quem acabou de me conhecer.

Pietro me deitou na cama. A boca dele no meu pescoço. As mãos em tudo que podiam alcançar.

Mas a imagem que piscava atrás dos meus olhos não era a dele.

Era o olhar de Caius.

O jeito que ele me viu como ninguém nunca tentou.

E pior… o jeito que ele foi embora.

— Tá tudo bem? — Pietro perguntou, tirando a camisa, já impaciente.

Assenti. Menti. Mas quando ele voltou a me beijar, senti. Não era prazer. Era punição.De mim pra mim. E eu aceitei. Porque às vezes a gente prefere a dor conhecida do que o vazio deixado por algo que nem começou.

O beijo de Pietro ainda estava em meus lábios quando fechei os olhos e deixei a mente escapar.

Caius.

O nome queimou como um fósforo dentro de mim.

De repente, não era mais Pietro quem estava sobre meu corpo. Eram aquelas mãos grandes, a voz rouca, o olhar que me atravessava como se eu fosse mais do que apenas um buraco para ser preenchido.

E então, algo dentro de mim estalou.

Peguei Pietro pelos ombros e inverti nossas posições, empurrando-o contra os lençóis. Seus olhos se arregalaram, surpreso pela mudança. Normalmente, eu deixava ele conduzir, normalmente, eu não me importava.

Mas hoje, eu queria.

— Selene? — ele respirou, curioso.

Não respondi. Em vez disso, desci meus lábios pelo seu pescoço, mordendo a carne ali, sentindo o gosto salgado de sua pele. Minhas mãos rasgaram a camisa dele, botões voando, e ele riu, achando que era só mais uma noite de fúria entre nós.

Mal sabia ele.

Minhas unhas arranharam seu peito, e ele gemeu, os músculos contraindo sob meu toque. Desci mais, beijando seu torso, até chegar ao cós de seu jeans. Olhei para cima, imaginando olhos escuros e um rosto que não era o dele.

— Caralho — Pietro rosnou quando enfiei a mão dentro de sua calça, apertando.

Eu queria ouvir outra voz. Queria ouvir ele perdendo o fôlego por minha causa.

Puxei o jeans e a cueca para baixo, libertando o corpo dele, e não perdi tempo. Envolvi meus lábios em volta dele, sugando com uma pressão que fez Pietro gritar.

— Merda, Selene!

Eu nunca tinha feito isso com tanta… vontade. Nunca tinha me importado o suficiente para querer ver alguém despedaçado. Mas agora, eu queria. Queria ouvir gemidos, queria sentir o corpo dele tremendo, queria controlar.

Pietro tentou pegar meu cabelo, mas eu agarrei seu pulso e prendei contra a cama, mantendo o ritmo com minha boca até ele arquejar, os músculos tensos.

— Não aguento… — ele gemeu.

Eu soltei ele com um estalo, subindo em seu colo e alinhando meu corpo sobre o dele. Sem hesitar, sentei, prendendo os lábios entre os dentes quando ele entrou em mim.

E então, comecei a me mover.

Lenta no começo, depois mais forte, mais feroz. Cada movimento era uma tentativa de apagar aquele rosto da minha mente, mas quanto mais eu tentava, mais ele aparecia.

Caius.

Eu imaginava suas mãos em meu quadril, sua voz sussurrando coisas que ninguém mais tinha coragem de dizer.

Pietro arfou, as mãos agarrando meus quadris, tentando acompanhar meu ritmo.

— Assim… porra, assim!

Eu me inclinei para frente, prendendo seus pulsos novamente, cavalgando ele com uma intensidade que nunca tinha permitido antes. Meu corpo estava quente, meu sangue latejando, e pela primeira vez em muito tempo, eu não estava apenas aguentando, eu estava sentindo.

Quando o orgasmo chegou, foi como uma facada. Um tremor violento que me fez arquear as costas e prender os dentes para não gritar o nome errado.

Pietro não resistiu por muito mais tempo. Com um gemido rouco, ele acabou, as mãos apertando minha carne como se eu fosse fugir.

Eu desci, ofegante, o suor escorrendo pela minha coluna.

Ele riu, exausto e satisfeito.

— Caralho, Castiel… — ele respirou, os olhos meio fechados. — Foi a melhor foda que a gente já teve.

Sorri, mas não era para ele.

Era para a escuridão atrás dos meus olhos.

Mal sabe ele.

*** 

A luz invade o quarto como uma maldição dourada. Os lençóis ainda estão amassados, o cheiro de sexo barato e escolhas ruins grudado na pele. Pietro está jogado de lado, nu, ressonando com o braço sobre os olhos.

Levanto sem fazer barulho. Não porque me importo. Mas porque não quero ouvir mais uma palavra daquele homem. Entro no banho. A água quente b**e nas costas como se pudesse me limpar. Mas tem coisa que nem o diabo lava.

Quando saio, não olho pra cama. Pego o vestido da noite anterior, amarro os cabelos molhados num coque improvisado, calço os saltos e saio do quarto como quem foge de um incêndio.

O celular vibra.

Mensagem:

Pai: “Almoço. Hoje. Meio-dia. Assunto importante."

Vicente Castiel não convida.

Ele decreta.

***

O restaurante é elegante, discreto e tem cheiro de madeira polida e poder antigo. Meu pai está lá, pontual como sempre, com um terno cinza escuro e expressão fechada. Como se fosse outro dia normal de negócios.

— Você está com cara de quem dormiu com o inimigo. — ele comenta, sem sequer levantar os olhos da taça de vinho.

Sento. Cruzo as pernas.

Não reajo.

— Acho que você vai gostar do tema de hoje. — ele diz, agora sim me encarando. — Casamento.

Arqueio uma sobrancelha.

— Vai casar de novo, papai? Alguém finalmente aguentou sua falta de charme?

— Você vai se casar, Selene.

Pausa.

Silêncio.

A taça quase escorrega da minha mão.

— Como é?

— Uma promessa antiga. Sua mãe e a mãe de Caius. Um acordo. Selado antes de você nascer. E agora é hora de cumprir.

— Caius... o quê? — esse nome só pode ser coincidência... não é o mesmo cara que beijei... claro, existem diversos Caius no mundo... 

— Varella. Diretor de Arte, filho de Helena. Mulher que pintava o céu com palavras e ensinava que beleza é detalhe. Sua mãe a amava como se ama uma obra inacabada – sabendo que o melhor ainda estava por vir.

— Que belo critério pra me obrigar a casar: afinidade materna.

Ele não ri. Nem se mexe.

— Você vive como se o mundo te devesse algo. Tá na hora de pagar. A mídia te mastiga toda semana. Os investidores estão em alerta. E eu... estou cansado de consertar os estragos.

— Você quer me usar como escudo?

— Eu quero te salvar de você mesma.

Ele coloca um envelope sobre a mesa. Contrato. Fotos. Dados. E ali, entre páginas e tinta, está a sentença.

— Vocês se casam em três semanas.

Levanto.

Deixo a taça.

Deixo tudo.

— Pode ser que eu case, pai. Mas eu te prometo uma coisa: Ele pode até me ter no papel. Mas ninguém,  nem você, nem ele, nem o mundo, vai me prender.

Saio do restaurante com o sangue fervendo e o coração num ritmo que eu não conhecia. Não é medo. Não é raiva. É algo que beira a vertigem. Porque pela primeira vez... o jogo não é mais meu.

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