Na manhã seguinte, Mila acordou antes do despertador.
A luz cinza entrava pelas frestas da cortina, pintando o chão com manchas frias.
Mas, por dentro, ela sentia um calor que não vinha do sol.
O abraço de Blerim ainda estava nela.
Como se as mãos dele tivessem deixado alguma marca invisível que ninguém mais podia apagar.
Sentou-se na beirada da cama e respirou fundo.
Lembrava de outras manhãs em que acordava com pressa de não sentir nada.
Agora, o medo era outro:
Sentir tudo de uma vez.
Fez café devagar, com o cuidado de quem aprende a gostar da rotina.
Ligou o computador na mesa do pátio, onde o vento frio já anunciava que a primavera não era tão previsível quanto parecia.
As mensagens se acumularam rápido na caixa de entrada.
Ela respondeu uma por uma, revisou os prazos, abriu documentos que pareciam todos iguais.
Mas, de vez em quando, os olhos dela fugiam da tela e iam parar na porta.
No banco vazio do outro lado da mesa.
No espaço onde ele sentava, sempre com aquele jeito tranqu