O dia ainda nem tinha clareado por inteiro quando Mila ouviu o motor parando perto do portão.
Olhou o relógio: seis e meia.
Sentiu o coração disparar antes mesmo de ter certeza de quem era.
Abriu a porta devagar e encontrou Blerim encostado no carro, com as mãos nos bolsos e aquele sorriso tranquilo que sempre parecia rearranjar tudo por dentro.
— Tá cedo — disse ela, tentando fingir reprovação.
— Eu sei. — Ele inclinou a cabeça. — Mas hoje você não vai trabalhar. Nem arrumar a casa.
— Ah, não? — cruzou os braços, contendo o riso. — E quem decidiu isso?
— Eu — respondeu ele, com simplicidade. — E você, se confiar em mim.
Ela respirou fundo.
— Pra onde vamos?
— Se eu contar, estraga — disse ele, e então estendeu a mão. — Vem.
Mila olhou a mão dele por um instante.
Era só um gesto.
Mas parecia muito mais.
Então estendeu a mão para ele.
E, assim, de dedos entrelaçados, caminharam até o carro.
O caminho era curto, mas cheio de curvas que se abriam em campos já tocados pela luz suave da ma