Capítulo 46

O dia ainda nem tinha clareado por inteiro quando Mila ouviu o motor parando perto do portão.

Olhou o relógio: seis e meia.

Sentiu o coração disparar antes mesmo de ter certeza de quem era.

Abriu a porta devagar e encontrou Blerim encostado no carro, com as mãos nos bolsos e aquele sorriso tranquilo que sempre parecia rearranjar tudo por dentro.

— Tá cedo — disse ela, tentando fingir reprovação.

— Eu sei. — Ele inclinou a cabeça. — Mas hoje você não vai trabalhar. Nem arrumar a casa.

— Ah, não? — cruzou os braços, contendo o riso. — E quem decidiu isso?

— Eu — respondeu ele, com simplicidade. — E você, se confiar em mim.

Ela respirou fundo.

— Pra onde vamos?

— Se eu contar, estraga — disse ele, e então estendeu a mão. — Vem.

Mila olhou a mão dele por um instante.

Era só um gesto.

Mas parecia muito mais.

Então estendeu a mão para ele.

E, assim, de dedos entrelaçados, caminharam até o carro.

O caminho era curto, mas cheio de curvas que se abriam em campos já tocados pela luz suave da ma
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