O almoço finalmente chegava ao fim — não sem antes deixar rastros de tensão, charme e uma colherada generosa da sobremesa que fez Clara fechar os olhos como se estivesse ouvindo ópera em Dolby Atmos.
Dona Celina ainda tagarelava animada sobre vestidos, eventos e “a importância de manter a compostura mesmo quando o batom borra por dentro”. Mas agora, com beijos distribuídos, promessas de reencontros e um aceno de rainha, ela subiu no carro com o motorista particular.
Dante e Clara, então, ficaram a sós na calçada do La Cuore.
O sol filtrava entre os prédios, e Clara ajeitou o cabelo com naturalidade. O batom intacto, o olhar… perigoso.
— “Você sobreviveu.” — ela disse, cruzando os braços.
— “Ainda não sei se saí ileso.” — ele rebateu, abrindo a porta do Maserati pra ela.
No caminho até a Hudson Tower, o silêncio era mais denso que o couro dos bancos.
Mas um silêncio confortável.
Silêncio de dois jogadores que sabem que, ali, nada é gratuito.
Dante dirige com uma mão só. A outr