O garçom mal havia afastado os pratos principais quando Dona Celina, já com o guardanapo dobrado com perfeição no colo, inclinou-se levemente pra frente. Um gesto elegante… mas com energia de raio-X.
Clara sustentava o olhar. Sem baixar a guarda. Sem inclinar o pescoço como uma presa.
— “Então, Clara Valentina…” — começou Dona Celina, girando a taça de vinho como quem afia uma espada — “você é CEO de uma agência aos…?”
— “Trinta.” — Clara respondeu, com aquele tom de voz que não pede licença.
— “Trinta.” — a senhora repetiu, fingindo surpresa. — “Na minha idade, mulher com esse currículo era chamada de bruxa. Hoje chamam de empreendedora.”
— “Depende do dia. Tem cliente que ainda prefere me queimar na fogueira.” — rebateu Clara, com um meio sorriso.
Dante pigarreou, ajeitando a postura. Parecia ter percebido que estava assistindo ao duelo entre duas rainhas — e que ele era só o troféu em disputa.
— “Você é casada, Clara?” — Celina perguntou direto.
Dante tossiu com o v