O almoço seguia, e a tensão que antes riscava o ar começava a derreter, como manteiga sobre o filé ao ponto que eles mal lembravam de comer.
Clara inclinou-se sutilmente sobre o prato, apoiando os cotovelos na mesa, taça de vinho ainda cheia, e os olhos fixos nos dele — sem esforço, sem provocação forçada. Apenas presença.
Dante… respondeu no mesmo tom.
Sem pressa. Sem necessidade de performar. Era como se os dois estivessem testando até onde conseguiam relaxar sem perder o controle.
— “Você gosta de arte?” — ele perguntou, de repente, como quem solta uma peça aleatória no tabuleiro.
— “Gosto.” — ela respondeu. — “Mas só se me fizer sentir alguma coisa. Não tenho paciência pra obra que precisa de legenda pra emocionar.”
— “Modigliani ou Rothko?”
Ela piscou.
— “Modigliani. Melancolia sexy. Os olhos vazios dizem mais do que discurso de CEO.”
Dante riu, um riso curto, mas genuíno.
— “Você gosta de melancolia sexy?”
— “Prefiro desejo perigoso.” — ela rebateu, com um sorriso len