17h36.
O expediente se arrastava como um estagiário depois de um happy hour. Luz artificial demais, oxigênio de menos. Todo mundo fingia que trabalhava enquanto o olho tava mesmo era na contagem regressiva pro ponto.
Amanda do Marketing já tinha fechado o Slack e aberto o grupo de fofoca no WhatsApp. Felipe, do Financeiro, estava na terceira aba do LinkedIn fingindo procurar benchmarks enquanto caçava vagas que pagassem terapia.
Foi aí que veio o barulho.
Sério. O barulho.
PLOFT.
Seco. Raso. Quase teatral.
Todo mundo que ainda tinha alma levantou a cabeça.
— “Você ouviu isso?” — Amanda piscou.
— “Se foi o que eu acho… alguém caiu. Ou desmaiou. Ou morreu.” — Felipe respondeu já se levantando, espiritualmente pronto pra ser testemunha ocular.
Eles correram até o vidro que dava pro hall.
Clara Valentina. No chão. Sentada. De bunda.
E ao lado dela?
Dante Navarro. O Impassível. O Inquebrável. O Sempre-no-controle.
Parado. Com cara de quem acabara de ver um eclipse total da racionalidade. M