O tempo não existia mais. Só a dor.
O corpo de Pedro era um mapa de feridas abertas e hematomas novos sobre antigos.
A cela fedia a sangue seco, suor e ferro. Mas o que mais doía era o silêncio — aquele tipo de silêncio que vem depois da esperança.
Ele se apoiou na parede, o crucifixo amassado preso à mão como uma lembrança teimosa de fé.
As correntes tilintavam toda vez que ele respirava.
O frio parecia zombar dele, invadindo a pele como se quisesse testá-lo.
E então o trinco girou.
Devagar, como quem abre o inferno só para assistir.
A primeira a entrar foi ela.
Sophia.
Com o mesmo sorriso calmo de quem acabou de cometer um crime e ainda cheira a perfume caro.
Dois capangas vieram atrás, agora sem pressa — como se soubessem que não havia mais nada a temer.
— Vejo que ainda não perdeu o charme — disse ela, andando pelo quarto como se fosse dela. — Mesmo assim, tá precisando de um banho.
Pedro ergueu o olhar. — O que você quer agora? Já não se divertiu o bastante?
Sophia se abaixou dia