O relógio da parede marcava quase nove quando Rose desceu as escadas, ainda com o cabelo úmido e o olhar leve de quem começava a se permitir respirar.
Mas o som que veio do corredor principal quebrou o sossego em segundos.
Vozes.
Baixas no começo. Depois, afiadas.
— Você perdeu completamente o juízo, Pedro! — a voz de Sophia cortou o ar, tensa, ríspida, carregada de algo que beirava o desespero.
Rose parou antes da curva do corredor, o coração acelerando.
Reconheceu o tom dele logo em seguida — frio, controlado, mas com aquele veneno escondido de quem está por um fio.
— O que eu faço ou deixo de fazer não te diz mais respeito, Sophia.
— Ah, diz sim. — ela rebateu, a risada seca ecoando. — Quando as tuas decisões colocam tudo o que construímos em risco, eu tenho o direito de falar.
— Tudo o que construímos? — Pedro devolveu, o sarcasmo escorrendo. — Você fala como se tivesse feito parte do que é meu.
— Eu fui parte, Pedro! — ela explodiu. — E você sabe disso. Fui eu quem segurou os cac