O amanhecer encontrou a mansão em silêncio, exceto por um som ritmado vindo da academia.
O som de corpos se movendo, o choque das quedas, o roçar de tecido contra o tatame.
Pedro estava ali desde cedo, sozinho, repetindo os golpes que Rose lhe ensinara — ou, pelo menos, tentando.
O corpo doía, os ombros pesavam, mas ele não parava.
Era como se aquele esforço físico fosse a única maneira de lidar com o que o pensamento insistia em repetir: o olhar dela na noite anterior, a respiração curta, o quase que ficou no ar.
A porta se abriu e, por um instante, o som do mundo voltou.
Rose entrou com a mesma expressão de sempre — fria, concentrada, inabalável.
Mas Pedro percebeu o detalhe que denunciava o contrário: os olhos dela estavam cansados, como se também não tivesse dormido.
— Veio treinar sem mim? — ela perguntou, sem olhar diretamente pra ele.
Pedro endireitou a postura, o cabelo grudado na testa pelo suor.
— Tentei praticar o que você ensinou.
— E?
— Tô apanhando pro ar.
Rose soltou um