A manhã seguia como tantas outras, mas Pedro não conseguia ignorar a tensão da noite anterior. O silêncio entre eles parecia ter se estendido até o escritório. Rose mantinha a postura profissional impecável, mas cada gesto dela soava mais afiado, como se qualquer aproximação dele fosse um risco calculado.
Quando o telefone dela tocou, Pedro observou de longe. A voz de Rose, normalmente firme, ficou mais curta. Algumas palavras em tom prático, uma anotação rápida, e ela desligou.
— Preciso passar na delegacia. — disse em seguida, aproximando-se dele já com os óculos escuros nas mãos.
Pedro ergueu as sobrancelhas. — Algum problema?
— Nada demais. Apenas protocolo. — Ela não deu margem para perguntas. — Você vem comigo.
Não era um convite. Era ordem.
Pouco depois, estavam no carro. O motorista seguiu o trajeto, e Rose permaneceu em silêncio, olhar fixo na rua, como se calcular cada esquina fosse mais importante do que explicar a situação. Pedro, acostumado a falar mais do que devia, estr