O amanhecer trouxe um silêncio denso à mansão, desses que pesam mais do que acalmam. As janelas deixavam entrar a claridade cinzenta do céu encoberto, mas dentro de Rose a tempestade era outra.
Ela acordara muito antes do relógio tocar. O sono fora raso, interrompido por lembranças que preferia esquecer. Toda vez que fechava os olhos, via Pedro se aproximando na academia, sentia a respiração dele perto demais, lembrava do toque no rosto que quase quebrou suas defesas.
Levantou-se de um salto, como quem foge do próprio corpo. O banho gelado não apagou a memória, apenas a deixou mais consciente de que estava em guerra consigo mesma. Vestiu-se como de costume: calça preta justa, camisa leve, cabelo preso em rabo firme. Armadura contra distrações. Armadura contra ele.
Ao descer, encontrou a cozinha já arrumada. Maria cantarolava, colocando frutas frescas na mesa, o aroma de café fresco preenchendo o ar. Era um cenário quase familiar, convidativo — mas Rose não se permitia conforto. Confor