A cobertura de Enzo tem uma acústica perfeita. O mármore devolve cada passo, o vidro transforma a cidade em um cenário espetacular. Era madrugada e eu não queria estar ali, mas “é sobre a segurança do Santino” abre portas que eu preferiria manter fechadas.
Ele me esperava no escritório: mesa ampla, duas telas acesas, um fichário grosso aberto. Nada de cumprimentos. Só a cabeça inclinada, como quem diz “venha ver”.
— O que é isso? — perguntei, parando a meio metro.
— O que eu consegui reunir em quarenta e oito horas — ele respondeu, virando páginas. — Placas suspeitas na sua rua, prints de mensagens anônimas, três nomes que se repetem.
Sentei. O papel cheirava a impressora recente. Havia planilhas com horários, cruzamentos de rotas, mapas por quarteirão, fotos de câmeras que eu nunca soube que existiam. Ele apontou com o dedo para datas e setas, guiando meu olhar.
— Aqui. — A unha tocou um horário circulado. — Mesma moto, duas aparições. Repare na película do farol. É alterada.
— Isso