Se tivesse um aplicativo que medisse “risco iminente”, o meu celular passaria o dia apitando. Desde o hospital, alguma coisa em mim não voltava ao ponto neutro. Enzo estava diferente, mais presente, mais direto, mais… pai. E eu também. Uma parte relaxou. Outra acordou como um animal selvagem: alerta, farejando ameaça em cada esquina.
Era segunda-feira, onze e vinte da manhã e eu estava na sala de reuniões preparando uma apresentação técnica quando a recepção me avisou que Chiara havia chegado “sem agendamento”. Eu não tive tempo de responder antes da porta de vidro abrir e a própria atravessar o carpete.
— Onde está o Enzo? — perguntou para a recepcionista, que vinha dois passos atrás tentando acompanhar. — Sala principal?
Ela nem esperou resposta. Seguiu o corredor. Eu congelei um segundo, depois saí atrás.
Enzo estava de pé, mangas arregaçadas, revisando um contrato com dois diretores. Quando viu Chiara entrar, fechou a pasta com cuidado. Os diretores entenderam o clima e, num sincr