Saí do prédio com a sensação de que meus ombros pesavam uns dez quilos a mais do que o resto do corpo. E não, não era só o peso da bolsa, dos relatórios ou da lista infinita de pendências na minha cabeça. Era outra coisa. Aquele desconforto esquisito de ser observada.
Dei uma desculpa mental para mim mesma: provavelmente era paranoia. Eu já tinha colecionado motivos o suficiente — ligação anônima, pulseirinha quase exposta, Chiara surgindo como vilã de novela mexicana no escritório. Então, sim, paranoia fazia sentido.
Exceto que não parecia ser só paranoia.
Conforme caminhava até o carro, vi o reflexo em uma vitrine: um homem de boné, distante, mas com passos sincronizados aos meus.
Ótimo. Meu primeiro perseguidor oficial.
Acelerei. Ele também.
Meu coração começou a bater em um ritmo que nunca foi recomendado por cardiologistas.
— Luna. — A voz de Enzo veio atrás de mim. Ele tinha saído do prédio alguns minutos depois, mas sua presença dividiu meu medo em duas partes: 50% alívio, 50% c