A manhã seguinte chegou cinzenta, encoberta por nuvens pesadas. Samuel acordou mais cedo que o habitual. Seu corpo ainda cansado insistia em continuar deitado, mas a mente já fervilhava. O dia anterior havia sido intenso, e algo dentro dele o deixava inquieto – uma sensação estranha, como se algo estivesse prestes a acontecer.
Ao atravessar o corredor silencioso do orfanato, ouviu o ranger suave de uma porta se fechando no final do corredor. Era incomum ver alguém acordado tão cedo, ainda mais antes do café da manhã. Curioso, Samuel apressou os passos e virou no corredor à esquerda, mas não viu ninguém. Apenas o eco de seus próprios passos e o cheiro de madeira antiga impregnando o ar.
— Deve ter sido o vento... — murmurou, embora não estivesse convencido.
Durante o desjejum, as crianças estavam mais quietas do que o normal. Helena, ao lado dele, também parecia distante, os olhos fixos em nada, como se algo a perturbasse. Samuel notou, mas decidiu não perguntar ainda. Sabia que, se