O armário antigo rangeu ao ser aberto, liberando uma nuvem de poeira que fez Samuel tossir. A lanterna tremulava em sua mão, lançando sombras nas paredes úmidas do porão. Lá dentro, empilhadas com cuidado, estavam várias caixas e pastas, todas etiquetadas com datas antigas – algumas da época em que ele ainda era apenas uma criança de colo.
Ele puxou a caixa mais próxima, notando o selo desbotado com o nome “Samuel A.” escrito à mão. Sentou-se no chão frio, o coração disparado, e começou a vasculhar o conteúdo. Fotografias, documentos, cartas... e então, algo inesperado: um diário.
O caderno tinha a capa de couro gasta, e na primeira página, reconheceu a letra cursiva de sua mãe. Ela havia escrito o nome dele ali, com uma delicadeza que fez os olhos de Samuel se encherem de lágrimas. Hesitante, ele folheou as páginas, lendo trechos que pareciam rasgar seu coração em pedaços.
"Hoje deixei Samuel pela última vez no orfanato. Não foi escolha minha. Disseram que era para protegê-lo. Mas