Em valdora, onde os segredos são leiloados, Isabella compra Elyan - um Homem silêncio e mistérioso. O que começa como poder , vira obsessão. Mas Elyan esconde algo que pode destruir tudo. Num Mundo de luxo ou perigo , amor é o preço mais alto.
Ler maisO mundo estava em chamas.Era irônico, pensei, enquanto observava as cidades tremendo sob a pressão das verdades reveladas. A Aphelion não estava apenas desmoronando. Ela estava se espalhando, seus tentáculos invadindo sistemas governamentais, financeiros, e sociais que pareciam seguros.Mas agora, todos sabiam.Eu fiz o mundo saber.As imagens de Echelon Zero explodiram na tela de cada dispositivo conectado, no momento exato da autodestruição. As gravações de minha mãe, o projeto RAÍZES, a manipulação genética, a transformação de crianças em armas biológicas — tudo estava ali. A verdade não tinha mais refúgio.Mas o que ninguém estava preparado para entender… era o poder invisível que se seguia. O que vinha após as imagens. O que viria agora que o Projeto RAÍZES estava exposto.---Eu estava em Paris. O coração da revolução, ou assim me disseram. Mas a cidade parecia mais uma máscara de plástico. Bonita. Mas vazia.Fui até o que restava de uma das facções dos Arcanos. Alguns dos jorn
O silêncio branco da Antártida não era silêncio. Era julgamento.Cada passo que dávamos na neve parecia ecoar dentro de mim como martelos batendo em portas esquecidas. O vento não gritava; ele sussurrava. Chamava por algo ancestral, como se o próprio planeta me observasse.Chegamos em um cargueiro clandestino, alugado por um contato antigo de Abel. O homem se chamava "Bren", mas duvidava que fosse seu nome real. Tinha um olho de vidro e um braço mecânico, ambos funcionando melhor do que o resto do corpo. Ele nos deixou a mil quilômetros da costa, onde o radar não detectava.De lá em diante, fomos em motoneves modificadas, armados com pouco mais que rações congeladas, mapas manuais e um código.Código: Alvorada Fractal.Era tudo o que Mina deixara codificado no colar. Elyan descobriu que, quando digitado num servidor quântico, o código apontava coordenadas — 82.8662° S, 135.0000° E.Ali, entre placas tectônicas adormecidas e geleiras eternas, existia algo chamado Echelon Zero.Mas isso
O frio do Nepal cortava como navalha. Mas nada doía mais que o vazio.Nos três dias entre a explosão e meu despertar, mais nomes surgiram. Mais lembranças fragmentadas. Mais perguntas sem rosto.A Aphelion tinha caído em Nova Délhi. Mas não tinha morrido.Como uma hidra antiga, uma cabeça cortada dava lugar a outras três.E agora, sem Mina, a rede estava desorganizada — porém ainda viva. E desesperada.Eles sabiam que eu sobrevivi. E sabiam o que eu carregava: o colar de Mina, que na verdade era uma unidade de dados de encriptação híbrida — com biometria de voz e DNA.As últimas palavras dela… ativaram um backup remoto.E eu era a única com acesso agora.---O plano era simples. Em teoria.Elyan e eu viajaríamos para Lisboa. Lá, um ex-agente conhecido como Marco "Malthus" ainda mantinha uma rede clandestina de jornalistas e hackers: os Arcanos.Eles seriam nossos canais para revelar ao mundo a existência da Aphelion, o Projeto RAÍZES, e o que aconteceu com Iris.Mas nada é simples qua
A cidade parecia dormir. Mas eu não.Nenhum de nós.A chuva continuava, fina e constante, como uma prece que ninguém ouvia.Elyan dirigia em silêncio. Abel dormia no banco de trás, exausto.E eu…Eu estava em chamas por dentro.Iris estava morta.Outra vez.Desta vez, em meus braços.E agora… era pessoal.---A base secreta que ela comandava tinha sido parcialmente destruída, mas não apagada. Antes da explosão, consegui extrair um pendrive com parte da memória central. Elyan e eu passamos a madrugada conectados a computadores antigos, decifrando códigos, acessando arquivos escondidos por trás de firewalls militares.E lá estava.Projeto “RAÍZES”.Era o coração da Aphelion.Não era apenas uma rede de espionagem.Era um império de manipulação genética, engenharia comportamental e controle de narrativas mundiais.Centenas de nomes codificados.Alguns riscados.Outros… ativos.E o pior?O nome Isabella Marek aparecia no topo da lista de monitoramento prioritário.Desde os meus dez anos.E
Chovia quando atravessamos a fronteira invisível do antigo setor militar.A cada passo, o barro agarrava-se às nossas botas como se tentasse nos segurar ali, como um aviso.— Isso aqui não é só um lugar — disse Elyan. — É uma armadilha com memória.Eu não respondi. A arma em minha cintura pesava diferente aquela noite. Como se soubesse que talvez fosse usada contra sangue da minha própria carne.Iris.Minha irmã morta.Minha irmã viva.Minha irmã inimiga?Eu ainda não sabia.Mas algo dentro de mim já estava gritando.---O portão se abriu sozinho. Sem código. Sem esforço.Era como se estivéssemos sendo esperados.Entramos.O lugar não era mais um centro de pesquisa. Era uma catedral tecnológica.Telas por todos os lados. Cabos correndo como serpentes. E no centro… ela.Iris Marek.Sentada como uma rainha num trono de ferro e vidro. Vestida de branco. Os cabelos curtos. Os olhos… iguais aos meus, mas sem alma.— Finalmente chegaram — disse ela, sem se levantar.Minha boca se abriu, mas
O sangue escorria da mão de Elyan como um fio teimoso de verdade.Estávamos no banheiro da suíte principal. A lâmpada piscava, refletindo nos azulejos brancos como a luz de um interrogatório. Eu enfaixava a ferida dele com firmeza, mas meus olhos não estavam na mão.Estavam no rosto dele.Tão próximo.Tão calado.— Por que você não atirou para matar? — perguntei.— Porque matar virou a solução fácil. E eu não sou mais um homem fácil.— Mas você era.— E você era uma sombra que obedecia. Agora estamos aqui... sujos demais para voltar, mas vivos demais para parar.Fiquei em silêncio. O ar entre nós estava denso, feito mel. Tóxico e doce.Ele ergueu a cabeça devagar. Nossos olhos se encontraram.E foi ali, sem aviso, que aconteceu.O beijo.Não foi romântico. Não foi suave.Foi cruel, urgente, errado.Como se nossos passados tentassem se engolir através dos lábios.Beijei-o com raiva. Ele retribuiu com sede.Minhas unhas marcaram as costas dele. Os dedos dele puxaram meu cabelo.Havia do
A noite parecia afundar a ilha de Valdora num mar de escuridão líquida.Nem os postes da estrada principal ousavam brilhar. Era como se a eletricidade estivesse com medo.Ou obedecendo a algo maior.Eu estava no escritório, lendo novamente a carta anônima que acompanhava a foto de Elyan. As palavras eram cortadas como aço:“Ele não pertence a você.E você nunca controlou nada.Observe.Está tudo começando.”Assinatura? Nenhuma.Símbolos? Só um selo de cera com a marca de uma serpente mordendo o próprio rabo.Já tinha visto aquilo antes.Era o selo de Aphelion.Um grupo secreto, supostamente extinto, formado por ex-militares, mercenários e políticos invisíveis. Um grupo que eu conhecia… porque eu mesma fui um deles.Eu já fui uma Aphelion.---Fazia sete anos. Eu era apenas “Círculo Três”, treinada para infiltrar, seduzir e aniquilar.Missões silenciosas. Nada deixava rastros.Até a noite do massacre no porto de Ceirov.Mandaram-me matar um homem. Eu matei todos, menos ele.Elyan Varga
A tempestade começou por volta das três da manhã.Relâmpagos cortavam o céu como presságios. Do meu quarto, vi as árvores dançarem ao vento como prisioneiros sendo arrastados por correntes invisíveis. Mas o que me tirou o sono não foi o barulho lá fora.Foi o silêncio dentro.Elyan.Desde que entrou naquela casa, ele ainda não tinha gritado, reclamado, nem sequer se irritado. Mas o silêncio dele gritava dentro de mim. Fazia mais barulho que qualquer trovão.Levantei-me, vesti o robe de seda vinho e desci as escadas descalça. O chão gelado sob os pés não me incomodava. Eu já estava gelada por dentro.No corredor principal, senti. O cheiro dele. A presença.O quarto de hóspedes estava com a porta entreaberta. Hesitei. Eu mandara colocar uma trava por dentro. Só ele podia abri-la.Empurrei devagar. A luz estava apagada, mas a janela estava aberta. A cortina dançava feito alma solta.E ele estava lá.Sentado no chão, de costas para a porta. Nu da cintura para cima. A pele úmida de suor ou
A manhã chegou em Valdora sem anunciar-se com delicadeza.O sol queimava como se quisesse castigar a ilha inteira por segredos acumulados demais.Da varanda do meu quarto, eu observava os muros altos da propriedade, como se aquilo fosse suficiente para manter o mundo — e ele — do lado de fora.Mas ele já estava dentro.Uma funcionária me avisou que o “hóspede” estava no jardim de inverno. Descalço. Em silêncio. Apenas olhando as flores, como se estivesse à espera de algo.Ou de alguém.Desci devagar. Cada passo meu parecia mais alto do que o anterior. Eu não gostava de me sentir observada — e com Elyan, a sensação era constante, mesmo quando ele não estava olhando. Era como se ele lesse minhas hesitações antes mesmo de eu pensá-las.Encontrei-o sentado no banco de pedra, entre as roseiras. Os espinhos eram do mesmo tom que o olhar dele: firmes, disfarçados sob beleza.— Está à vontade demais para alguém que foi comprado — comentei, aproximando-me.Ele não olhou para mim. Passou os ded