Na manhã em que Anders apareceu no chalé com o aquecedor novo, a neve havia cessado por algumas horas, como se o céu decidisse, por compaixão ou exaustão, dar um intervalo.

Madeleine estava sentada no chão da sala, cercada por folhas de papel com croquis inacabados. Tentava esboçar uma nova versão da fachada voltada para o fiorde, agora com uma parede viva — plantas locais cultivadas entre o isolamento térmico e a estrutura translúcida. Uma ideia ousada. Ou absurda.

Ainda não sabia.

Quando ouviu o som na varanda, se levantou devagar. Não esperava ninguém.

Abriu a porta e deu de cara com Anders segurando uma caixa metálica cinza, pesada.

— É o novo aquecedor — disse apenas.

Ela franziu a testa.

— Eu não encomendei nada.

— Eu encomendei — respondeu ele, e passou por ela como quem atravessa uma corrente de vento.

Madeleine fechou a porta, surpresa.

— O antigo não funcionava direito? — perguntou, seguindo-o até o canto da sala.

— Funcionava mal — disse ele, abaixando-se para desconectar o