O terreno do futuro hotel ficava a trinta minutos de caminhada do centro da vila, à beira de uma encosta que descia até o fiorde. Quando Madeleine olhava da plataforma, via o mar se curvar ao longe como um animal adormecido, cercado por montanhas escurecidas pelo inverno.
Ali, o mundo parecia sussurrar — e não gritar. Mas também exigia que se escutasse.
Naquela manhã, o vento estava cortante. Mesmo com as camadas de roupa, ela sentia os ossos tensionarem a cada passo. A obra avançava com lentidão. Os painéis externos estavam sendo posicionados, mas a parte interna — as estruturas modulares, os corredores transparentes e o sistema de reaproveitamento térmico — ainda era apenas papel e promessa.
Clara estava de licença por alguns dias. Uma irmã havia passado mal em Bodø e ela precisou viajar de última hora.
Sem ela, Madeleine percebeu o quão frágil era a teia de relações que sustentava sua presença ali. Os engenheiros noruegueses eram competentes, mas fechados. O silêncio deles não era