O frio daquela manhã era mais leve, quase tímido. O sol, que nos últimos dias parecia brincar de se esconder, agora se estendia sobre a neve com uma luminosidade clara, fazendo os flocos reluzirem como vidro moído. Madeleine decidiu ir até o mirante sul, a área onde ficaria a sauna e o deck de madeira. Clara havia comentado que a estrutura temporária já estava montada para testes, e ela queria ver com os próprios olhos.
O caminho exigia passos atentos. As trilhas de neve não eram totalmente planas, e, de vez em quando, pequenas manchas de gelo traiçoeiro brilhavam à superfície. Madeleine sentia o ar frio entrar pelos pulmões como uma limpeza. Talvez fosse efeito do telefonema com Margaret, mas havia algo diferente nela. Não era euforia — era um tipo de calma que parecia fazer o corpo andar mais leve.
Quando chegou, o mirante se abria para o fiorde como uma varanda que tocava o horizonte. A madeira clara do deque provisório contrastava com o azul profundo da água, salpicada de blocos d