O céu daquela manhã parecia menos cinza, como se o inverno, por alguns instantes, tivesse esquecido de pesar tanto. Madeleine organizava papéis no chalé quando ouviu a batida suave na porta.
Era Anders.
— Tenho que ir até Hammerfest pegar umas peças que chegaram pra obra. Achei que você podia querer ver outra paisagem — disse, simples como sempre, uma mão no bolso e a outra segurando um boné amarrotado.
Ela franziu o cenho.
— Hammerfest? Isso não é longe?
— Três horas de estrada. Mais ou menos. Se não escorregarmos no caminho.
— Isso é um convite ou um alerta?
Ele sorriu com os cantos da boca.
— Os dois. Emil está na escola até o fim da tarde. Vai ser um dia tranquilo. Só estrada, café ruim e conversa, se quiser.
Madeleine hesitou por dois segundos a mais do que o necessário. Mas já sabia que diria sim.
— Me dá dez minutos pra trocar de roupa.
O carro era uma caminhonete escura, com cheiro de madeira seca e café velho no porta-copos. Madeleine entrou ajeitando o cinto enquanto Anders