A manhã chegou com céu limpo e um brilho prateado sobre o fiorde, como se o mundo tivesse sido lavado durante a madrugada. Madeleine terminou de preparar a garrafa térmica com chá de frutas vermelhas, ajeitou os pães de centeio com queijo em um pano xadrez e guardou tudo numa sacola, junto com a câmera pendurada no ombro.
Às dez em ponto, ouviu as batidinhas discretas na porta.
— Pronta? — perguntou Emil, assim que ela abriu.
Ele usava um gorro cinza e uma mochila maior que suas costas. O nariz vermelho de frio, mas o olhar tranquilo.
— Prontíssima — respondeu, pegando a sacola. — Vai me mostrar as focas?
— Se elas aparecerem. Às vezes elas gostam de fazer mistério.
Madeleine riu, e os dois seguiram pela trilha que começava atrás do chalé e subia suavemente por entre rochas e vegetação baixa, agora coberta por pequenos pontos de gelo. Emil caminhava à frente, sem pressa, apontando de vez em quando alguma pedra com formato curioso ou um galho que parecia ter sido desenhado a mão.
— Voc