O céu amanheceu tingido de cinza claro, como se a própria luz tivesse sido coada por uma fina camada de neve. No chalé, Madeleine aquecia água para o chá enquanto organizava a mesa com os rolos de papel vegetal, amostras de materiais e seus cadernos de esboço.
Clara chegaria em meia hora.
Ela não sabia bem por que estava nervosa. Não era a primeira vez que apresentava ideias para um projeto, e certamente não seria a última. Mas havia algo diferente agora. Talvez fosse o fato de que, desta vez, ela realmente queria estar ali. Queria que desse certo. E isso tornava tudo mais frágil.
Quando ouviu os passos se aproximando na varanda, respirou fundo e abriu a porta antes mesmo que Clara batesse.
— Bom dia — disse a norueguesa, já sorrindo, com um cachecol grosso cobrindo metade do rosto.
— Entra. Está um forno aqui dentro — respondeu Madeleine.
Clara tirou o casaco, as luvas e o cachecol com a familiaridade de quem já fazia parte daquele espaço. Sentou-se à mesa sem cerimônias, pegou a can